quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Web. A sua vez de gritar

É engraçado como a mídia conseguiu fazer o povo criar piadas sobre o suposto assassinato de Eliza Samúdio pelo goleiro Bruno. Já escutei coisas como “Qual a diferença entre Ronaldinho e Bruno? O que não mata, engorda.”, ou então “Eliza previu sua morte no suposto filme pornô em que atuou. Em uma das cenas de sexo, ela dizia ‘me come cachorrão’”. Crueldade do povo brasileiro? Acho que não.
O que acredito que está havendo é um “bombardeamento” de informações pela mídia. Alguns veículos de comunicação adotaram a postura de que esse é o interesse da massa. Mas será que é mesmo? Ou o povo apenas aceitou o fato de que essa informação (o “Caso Bruno” é um exemplo, mas há muitos outros) é importante, já que os veículos “vomitam” notícias afirmando ser de interesse público.
Eu, estudante de Jornalismo, posso dizer que uma coisa é verdade: é pauta certa. Afinal, é bem mais prático “inventar” um desdobramento da matéria do dia anterior, do que procurar pautas diferentes.
Não tenho gostado do conteúdo das grandes empresas de comunicação. Não só da parte jornalística, mas da publicidade, do cinema e do radialismo. Recentemente vi um programa com um grupo de mulheres jovens, bonitas e sedutoras falando de sexo (mulheres feias não fazem sexo). Não critico o tema, ou o formato do programa, afinal, eu adoro o assunto (melhor que falar da vida dos outros). O problema, para mim, é como o tema é tratado: sexo como uma técnica. Quando vejo esse tipo de programa, fico pensando “oba, em breve teremos faculdade de sexo”. Imagino a grade curricular: Técnicas de Sedução I e II, Teoria do Sexo, Estudo da Anatomia Genital... Seria bem interessante, e para copular, só seria possível com diploma (ninguém mais precisa esconder que transou com analfabeto). Então, poderia ter um curso técnico de sexo.
Quem fosse tecnicista da área, só poderia praticar preliminares.
Esses são só alguns exemplos. Gosto de jornais impressos, mas a abordagem do conteúdo faz parecer que no Rio só há dois tipos de pessoas: empresários da Zona Sul, e “urubus” das favelas e do subúrbio (jornais só falam de carnificina). As rádios seguem um modelo intermediário ao da TV e do Jornal.
Felizmente (ou não), surgiu a internet, que compacta em um mesmo meio a telecomunicação e a radiodifusão. Agora, todos nós podemos produzir nossos conteúdos. Sim, as grandes empresas que detêm o monopólio da Comunicação Social usam e abusam da “nova” ferramenta, mas, da mesma forma, também podemos usar.
É a possibilidade fugirmos um pouco dos programas de comédia barata que passam na TV, que usam escatologia, humilhação de terceiros, e reafirmação de preconceitos e estereótipos. O YouTube é o suficiente para arrancar, em 10 segundos, boas gargalhadas, muitas vezes, com situações reais. É a possibilidade de participarmos também da produção de conteúdo e da difusão de informação. É a chance de sermos ouvidos, contar uma história não contada pelas grande empresas.
Podemos gritar e dizer o que queremos (o que deve ser feito de forma saudável). É a oportunidade de ler e ser lido, de ouvir e ser ouvido, e de ver e ser visto. É a sua vez. Nossa vez. Então, não vamos desperdiçá-la.