terça-feira, 19 de outubro de 2010

"Joga mídia na Geisy"

Lembro-me como se fosse ontem. Acordei um dia da semana, há mais ou menos um ano, e vi no Jornal do SBT Manhã a reportagem sobre uma estudante da Uniban, em São Paulo, que teve que sair da faculdade escoltada pela polícia. Motivo? Um vestido rosa muito curto. Segundo as entrevistas de Geisy Arruda, a tal estudante, a vários veículos de imprensa, aquele era um dos seus vestidos mais discretos.


Não estou escrevendo esse artigo para falar mal dela, ou do vestido dela [nada contra o comprimento, mas que era cafona, era]. Ao contrário. Para mostrar minha indignação com as pessoas que lhe chamam de burra.
Eu sei bem que ela não conjuga alguns verbos corretamente, que fala coisas erradas, mas, me perdoem o pseudo-cults e os alternativinhos-de-merda, ela é MUITO inteligente. Basta parar para pensar em como uma garota do interior de São Paulo conseguiu se manter na mídia por um ano só por ter usado uma roupa escrota. Será mesmo que qualquer um de nós teria a mesma capacidade, transformar um abacaxi desses em piña colada? Eu fui vítima de bullying uma boa parte da minha adolescência e quisera eu ter tido a mesma esperteza de Geisy. Agora olhemos para a nossa vida. Quantas vezes conseguimos fazer isso? Fazer caipirinha quando ganhamos um limão? Algumas pessoas vão me dizer foi o acaso. Não, não foi. Quantas vezes na vida nós nos recolhemos ao quarto, ao choro, buscamos terapias, livros de auto-ajuda, e viagens para Itália, Índia e Indonésia para resolver nossos problemas? Quanto tempo e, conseqüentemente, dinheiro, perdemos com isso? Muito.
Ela foi diferente. É verdade que ela entrou na justiça, mas, não parou por aí. Enquanto pode dar entrevistas, deu. Mesmo quando o tema era só as cirurgias plásticas que fez. Nesse meio tempo, recebeu propostas para posar nua, e ainda foi convidada a participar de “A Fazenda”. Foi eliminada na segunda semana. E mais uma vez alguém vai me dizer “ta vendo, ela não é tão inteligente assim”. Bem, levando em consideração o papel que ela interpretou [tolinha e fofa], ela escolheu bem. Lembram da Irislene [putz...] Stefanelli? E da Pink? E, me arrisco a ir mais alto: Grazi Massafera. Todas interpretaram bem o papel, o mesmo que Geisy decidiu atuar. Mas, a sociedade, como um tudo, das classes A a E, não curtiram muito fato de uma sub-celebridade estar participando do reality-show. Vamos pular a parte em que eu pergunto quem não é sub-celebridade nesse programa, e que comento que os que saem do ostracismo também entram nessa categoria.
Quando foi ao programa Superpop, a loura, que decidiu criar uma grife, foi constrangida pela apresentadora Luciana Gimenez, que disse que as modelos se recusaram a usar os vestidos. Gimenez se retratou no Twitter e usou um “infelismente”. Mas que programa é o Superpop que dá o luxo às modelos de escolherem as roupas que vestem? Ah, sim, é o programa que recebe a Mulher Pêra [formação: lê e escreve]. Luciana deveria pensar que Geisy pode vir a ter a mesma trajetória que ela, sem precisar engravidar de cantores ingleses. Luiz Bacci, apresentador do Jornal do SBT Rio, também ironizou a estudante pelo microblog. Mais um apresentador de programa sensacionalista, então, prefiro pular também a parte em que falo que ele não tem moral para ironizar Geisy.
Por isso, concluo: nós é que somos os burros, que temos problemas e tentamos resolvê-lo, em vez de transformá-lo em solução.
Queria terminar o post com uma música que amei, de um grupo chamado “½ dúzia de 3 ou 4”. Apesar de ser uma paródia da música de Chico Buarque, Geni e o Zepelim, eles foram muito criativos. Só preciso discordar do verso que diz “Logo logo vai sumir”. Acho que não.

http://www.youtube.com/watch?v=PN9rMQlPH-0

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