Eu estava numa fase muito xoxa. Nada me satisfazia, nada me agradava. A faculdade funcionava, ao meu ver, como uma grande perda de tempo, as tardes, era só sono.a noite, ficava na internet, postando inutilidades no Facebook. Era uma fase difícil de superar. A falta de uma grande alegria me deixava chateado, e, por mais estranho que pareça, a falta de tristeza, angústia, fúria me entediava. Acostumei-me um pouco com essa coisa bipolar de geminianos: um período muito bom, seguido de outro, muito ruim. Um momento de euforia nunca seria tão especial se eu não tivesse experimentado o tempo ruim. Era só apatia, aquela sensação de que nada está ruim de mais ou bom de mais, apenas um vazio. Nada me fazia sorrir, nada me fazia chorar.
Eu precisava de algum estímulo. Seja físico, emocional ou psicológico. Comer muito e ter todo mundo aos meus pés traziam uma satisfação passageira. Saía de noite sozinho, esperando que algo de muito especial fosse acontecer. No início, me sentia mal por ver sempre grupos de amigos se divertindo. Eu, com uma garrafa de cerveja, às margens daquela cena que me matava de frustração. Não era inveja, era uma culpa por não estar acompanhado. Eu, no fundo, sabia que tudo aquilo era falso, mas eles disfarçavam muito bem. Algumas sessões com minha psicanalista talvez resolvesse, mas ela me explicava que a vida não é feita só de altos e baixos. Lembro-me que sonho muito que vou a parques de diversões e parques aquáticos, sempre em uma corredeira ou em uma montanha-russa. Muito divertido. Nessa época, o sonho era diferente: eu estava no parque, mas a montanha-russa estava interditada.
Era uma noite de sábado, quando eu, mais uma vez, decidi sair sozinho. Estava começando a me acostumar com isso, já não sentia vontade de chorar. A festa estava um pouco cheia e eu acompanhado de minha fiel companheira, a garrafa de cerveja. Uma, duas, três... Bêbado. Dançava para espantar aquela sensação ruim de solidão, apesar de ter sido bastante assediado naquela noite. A pista estava bem cheia, mas para mim, era só eu e a cerveja. Por um acaso, conheci nesta noite algumas pessoas. Conversamos bastante foi legal. Nas próximas noites, nos encontramos, e tudo estava diferente. A diversão não era ficar com alguém na noite ou ficar bêbado sozinho. Era estar com aqueles que seriam, mais tarde, meus novos amigos. O que eu queria não era mais ficar com alguém, ou beber, mas rir com eles, dançar com eles, zoar com eles. Aprendi a rir de novo. Rir até chorar de alegria, de ver graça em situações ridículas que todos nos colocamos ao menos 10 vezes na vida. Ver graça em não sermos ricos ou bem sucedidos profissionalmente. Rir de não termos relacionamentos amorosos ou eles serem instáveis. Rimos para não chorar, silenciamos para não rir. Com meus novos amigos, aprendi o que é rir de novo, o que é ter companhia. Se um foi atacado, na verdade, todos foram. Não há inveja ou competição, não somos melhor que ninguém (ninguém do grupo, claro).
Simplesmente, super adorei!!! (Me identifiquei muito com o texto, não sei por que!!! Rsrsrs...)
ResponderExcluir